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O impacto do temperamento na escolarização:

 

“O temperamento consiste em disposições básicas relativamente consistentes, inerentes à pessoa, e que estão subjacentes e modulam a expressão da atividade, reatividade, emocionabilidade e sociabilidade (…) presentes desde os primeiros tempos de vida e são fortemente influenciados por fatores biológicos” tornando-se “progressivamente mais suscetível à influência da experiência e do contexto. (Goldsmith et al., 1987, p. 524, citado por Seabra-Santos, 2007, p. 197-198).

 

“A vida na sala de aula não será, à partida, igual para todas as crianças, nem o tempo e atenção do professor se encontram necessariamente distribuídos de modo uniforme por todas elas (Keogh, 1994, citado por Seabra-Santos, 2007, p. 203), e tais preferências parecem poder estar relacionadas, entre outros fatores, com o temperamento da criança.

 

 

 

 

 

 

 

 

O conceito de ensinabilidade, definido por Keogh (1994) assenta naquilo que seriam as características, que do ponto de vista do professor ou professora, caracterizam um aluno ou aluna ideal. Verificou-se que alunos e alunas avaliados pelos professores/as como baixos em “ensinabilidade” eram caracterizados como um temperamento “difícil” (fraca orientação para a tarefa, baixa flexibilidade, elevada reatividade). Verificou-se também que o relacionamento dos professores/as com os alunos/as era menos frequente ou benéfico com alunos/as com este tipo de temperamento. A investigação de Martin e colaboradores, na década de 1980, mostram que crianças ativas, menos persistentes e que se distraem facilmente, se envolvem numa variedade de comportamentos prejudiciais ao seu desempenho e aprendizagem escolar (Seabra-Santos, 2007, p. 203) e que também, nestes casos, “a interação entre o professor e o aluno é também penalizada, tendendo os professores a responder de forma crítica ao comportamento (Paget, Nagle & Martin, 1983)” e tendendo a ter uma atitude mais negativa “considerando-os como elementos dispensáveis na turma” (Martin, Nagle & Paget, 1983, citado por Seabra-Santos, 2007, p. 204)

 

A constatação do impacto do papel do temperamento tem implicações práticas, na medida em que permitiu perceber que para conseguir um bom funcionamento na sala de aula e alcançar bons rendimentos, não basta atender às qualidades dos professores ou professoras e atributos da escola, mas também às características das crianças, inclusivemente o seu temperamento, que pode em alguns casos ser altamente compatível com as exigências da escola ou noutros ser completamente dissonante, tendo fortes implicações na atuação dos professores ou professoras com estes alunos ou alunas (Seabra-Santos, 2007).

Não esquecer no entanto, que “os sistemas temperamentais são abertos à experiência (e como tal) será necessária, uma socialização apropriada, no momento certo, para atingir resultados positivos. E a escola terá certamente uma responsabilidade importante neste domínio” (Seabra-Santos, 2007, p. 204).

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