top of page

Programas de Intervenção no Bullying e Cyberbullying 

 

“Alguns professores, orientadores e diretores de escolas ficam desapontados porque os alunos continuam a praticar bullying mesmo após uma palestra sobre o tema, trabalhos de pesquisa e conversas em sala. Essas ações pontuais são importantes mas não são suficientes para erradicar um padrão de relacionamento agressivo tão arraigado na nossa sociedade” (Maldonado, 2011, p. 118-119). É necessário que estes programas sejam "pensados como estratégias de longo prazo, a serem continuamente trabalhadas" e necessitam de englobar "os alunos, a família, e toda a equipa escolar, incluindo inspetores, pessoal da cantina, motoristas e monitores dos autocarros escolares” (Maldonado, 2011, p. 121).

 

Tem-se vindo a desenvolver vários programas para combater e prevenir este fenómeno. Um dos aspetos nucleares destes programas é a identificação dos momentos de risco (ex: entrada no 1º ciclo, transição do 1º para o 2º ciclo), mas também dos sujeitos de risco (“alunos estigmatizados por qualquer defeito físico, os tímidos, os isolados e socialmente passivos, bem como aqueles que revelam fracas capacidades de coordenação motora ou inaptidão para o desporto e jogos. Igualmente vulneráveis são os alunos que com facilidade reagem a provocações, os que prove de famílias marginalizadas e ainda os oriundos de grupos étnicos minoritários”) (Formosinho & Simões, 2001, p.75).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O primeiro passo de qualquer programa antibullying é ouvir os alunos e alunas, famílias e a comunidade escolar, devendo ser disponibilizados espaços para que os alunos/as, professores/as e psicólogos/as, discutam o tema da agressividade e encontrem soluções (Fante & Pedra, 2008).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Há escolas que organizam semanalmente grupos de reflexão nas turmas, nos quais todos podem relatar episódios em que se sentiram maltratados, com o propósito de pensarem juntos o que poderia ter acontecido de forma diferente para que se sentisse melhor (...) A reflexão é assim extremamente importante para nos dar-mos conta da realidade. Tal como uma criança de 6 anos disse “na hora em que a gente vê que errou, a gente tem que concertar!” (Maldonado, 2011, p. 130).

 

Efetivamente, o sucesso das intervenções neste âmbito tem surgido da “capacidade de envolver os diferentes agentes do processo educativo (docentes a não docentes, psicólogos ou psicólogas, coordenadores e cordenadoras técnicos/as, órgãos de gestão, pais, alunos e alunas, autoridades locais) de forma a que se crie um sentido de comunidade que possa contribuir para a construção de um ethos de escola promotor do respeito mutuo e do bem estar de todos.” (Freire et. al, 2013, p. 48).

 

Em segundo lugar, o objetivo é monotorizar os espaços onde é mais frequente-te ocorrerem esses fenómenos. A  “presença de adultos, professores ou pessoal auxiliar, nos recreios, balneários, bibliotecas, salas de estudo ou de convívio e refeitórios, tornará muito mais difícil a ocorrência de atos violentos”, sendo que “a própria arquitetura dos edifícios deveria ser construída de modo a facilitar esta supervisão (Formosinho & Simões, 2001, p. 76).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Outro aspecto muito importante sob o qual estes programas têm enfoque é no apoio individualizado aos intervenientes destas práticas. Os psicólogos devem ensinar às vítimas “medidas de autoproteção capazes de fazer decrescer os ataques de que são alvo, ou, pelo menos a sua incidência.” Os programas de intervenção envolvem também “modalidade de treino de auto-afirmação e de desenvolvimento de competências sociais”, dado que as vitimas tendem a carecer de assertividade. No entanto, também os bullies necessitam de intervenção, dado que “correm sérios riscos de virem, no futuro, a apresentar comportamentos desviantes ou trajetórias delinquentes” (Baldry & Farrington, 2000, citado por Formosinho & Simões, 2001). Simultaneamente “muitos dos bullies encontram-se sob tensão e a necessitar de apoio pedagógico acrescido, de molde a enfrentarem com mais sucesso as exigências escolares” (Formosinho & Simões, 2001, p. 76).

 

Deste modo, podemos perceber que os programas de bullying podem ser mais gerais – restruturação organizativa das escolas – ou mais específicos – reforço da supervisão; ação direta junto das vitimas e bullies. Em ambos os casos estes programas têm também um efeito dissuasor (Formosinho & Simões, 2001, p. 76).

 

Em jeito de conclusão, apresentamos as oito melhores práticas para a prevenção do bullying, segundo a campanha nacional de prevenção do Bullying, organizada pela Health Resources and Services Administration em 2006, nos Estados Unidos:

  • Envolver todo o ambiente escolar, passando a considerar inaceitáveis os atos de bullying

  • Avaliar as manifestações do bullying recorrendo aos alunos, funcionários e pais (ex com quetsionarios)

  • Grupo de prevenção composto por diferentes profissionais, pais e alunos que se reúnem regularmente com o objetivo de avalaiar resultados, ouvir pessoas e ajustar estartegias

  • Capacitar toda a equipa escolar (e não só os professores) para que entendam melhor as manifestações e consequências do bullying e como poder atudar eficazmente

  • Supervisão nas áreas em que as ações de bullying ocorrem com mais frequência (exige a pesquisa previa de quais são essas áreas)

  • Colocar o bullying como tema transversal para ser discutido sempre que possível, abordando alores dundamentais como a cooperação e o respeito

  • Intervir quando ocorrem situações de bullying ( com as vitimas, bullies e espetadores)

  • Manter sempre uma contsnate prevenção do bullying

(Maldonado, 2011, p. 131 - 132).

 

No que respeita ao cyberbullying, muitas das vezes os pais e escolas pensam que “o combate ao cyberbullying poderá passar pelo controlo absoluto ou total proibição do acesso às TIC. Porém estas são uma fonte de informação útil ao desenvolvimento das capacidades dos jovens. Daí que esta opção não seja natural nem aconselhável na educação. Privar os jovens e crianças de ter acesso às TIC é privá-los do acesso ao conhecimento e aos relacionamentos interpessoais fantásticos que elas permitem” (Freire et. al., 2013, p. 48). Freire et. al. (2013), sugerem a “Instalação de software de monotorização e controlo nos computadores usados pelos alunos, bloqueado acesso a determinados sites ou acedendo ao histórico de conta e promovendo a monotorização dos alunos mais experientes” e/ou a “criação de meios para denuncia anónima através da existência de uma caixa colocada num local ou pela estruturação de um sistema de e-mail” (Hinuja & Patchin, 2009, citado por Freire et. al., 2013, pag. 49).

 

Exemplos de Programas:

  • Programa antibullying Educar para a Paz – “propõe soluções por meio de um conjunto de estratégias psicopedagógicas que devem ser aplicadas junto aos profissionais de educação, alunos, pais e comunidade onde a escola está inserida. A proposta do programa está alicerçada em tolerância, solidariedade, respeito às diferenças, cooperação, visando a construção de uma ambiente de paz na escola (Fante, 2005, citado por Fante&Pedra, 2008, p. 118) “orientamos os indivíduos a se conhecerem e terem consciência dos seus atos e para as atividades estimulantes, promotoras de ações solidárias, de interesse e ajuda ao próximo”, deste modo as crianças “passam a se gostar, e do ponto de vista oral, a se respeitar, da mesma forma como quando são respeitadas as suas intimidades (…) os problemas de agressor e vitima, nos momentos de crise, devem ser tratados com eles, e não com a turma.” (Fante & Pedra, 2008, p. 121)

  • O projeto europeu CyberTraining: A research-based training manual on cyberbullying – consiste num manual de formação para formadores baseado na investigação e prática, publicado online, em várias línguas (Freire et. al., 2013).

  • www.kidscape.org.uk – criação de uma cultura na escola que adota a estratégias dos 3 R’s: os episódios de bullying devem ser reconhecidos, rejeitados e relatados. 

“Quando os alunos são ouvidos e estimulados a serem proactivos e colaboradores, geram ótimas ideias que reduzem a ocorrência de episódios de bullying. (…) passam a usar a sua enorme familiaridade com a tecnologia, para gerar vídeos, fotomontagens e outros recursos para espalhar a conscientização do problema.” “organizam murais com cartazes” “montam peças de teatro” (p. 123) Simultaneamente estão a realizar “Outras formas de diversão e de brincadeiras que não tenham como objetivo ferir, humilhar e magoar as outras pessoas.” (Maldonado, 2011, p. 124).

“A partir daí, inicia-se o processo de consciencialização e de mudança de visão a partir de um entendimento mais profundo das repercruções do bullying”, deste modo, os espetadores podem-se aliar às vítimas rejeitando socialmente a atitude dos agressores. Deste modo forma-se uma “rede poderosa de proteção e inibição do comportamento de bullying” (Maldonado, 2011, p. 125). “Também sob forma de prevenção, a colaboração de alunos mais velhos se afigura útil, uma vez que podem tomar sob sua proteção os sujeitos vitimados e assim impedir a repetição de agressões.” (Formosinho & Simões, 2001, p. 76).

© 2023 por Nome do Site. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page