
Educação Permanente e educação recorrente
Uma estratégia criada para operacionalizar a educação permanente foi a criação da educação recorrente, que consiste num “sistema educativo flexível assente num principio de recorrência, isto é, de alternância entre estudo e outras atividades” que ocorre ao longo da vida (Fazenda & Amadeu, 1985, p. 29).
Neste tipo de pedagogia os objetivos de formação resultam “de uma negociação com os adultos interessados e em que os seus conteúdos visam sobretudo a obtenção de capacidades e não a mera acumulação de conhecimento” (Fazenda & Amadeu, 1985, p. 37). “O diploma não é encarado como o objetivo mais importante: o que realmente motiva à formação é o desejo voluntariamente assumido de acompanhar e aprofundar uma experiência de vida, se ser-se verdadeiramente protagonista da própria vida, em todos os seus aspetos”, envolvendo uma “permanente atualização de conhecimentos e de aprendizagens” (Fazenda & Amadeu, 1985, p. 39).
A educação permanente e a sua estratégia de educação recorrente visa a longo prazo transformar os sistemas educativos tal como hoje são concebidos, na medida em que contrariamente a se centrar na juventude (como nos dias de hoje) se centre no processo de toda a vida, em particular no adulto. Simultaneamente, a alternância entre aprendizagem estruturada e exercício de outras atividades não estruturadas e empíricas permite adquirir outro tipo de aprendizagens mais empíricas na interação com o outro com vista ao enriquecimento mutuo (Fazenda & Amadeu, 1985).

Educação permanente “não designa uma modalidade de educação, mas sim um projeto global no qual se inserem, articulam e complementam todas e quaisquer atividades de educação formal, não formal e informal, numa continuidade educativa ao longo da vida”, correspondendo à ideia popular de “aprender até morrer” (Fazenda & Amadeu, 1985, p. 22).

A formação geral comum terá de ser assegurada pela instituição escolar, no entanto, esta deve ser encarada como uma preparação para a autonomia e autodidaxia na vida adulta. Como tal,
“a educação não dispensa a escola, mas extravasa por todos os lados” (Fazenda & Amadeu, 1985, p. 24).